sexta-feira, 31 de agosto de 2012

ESQUIAR NA ÁFRICA? - Sim é possível, confira a reportagem...


O complexo turístico AfriSki é a única estação da África Subsaariana após o fechamento das instalações de Tiffindell (África do Sul), e a segunda do continente junto com as pistas do monte Atlas, no Marrocos. Além disso, conta com cerca de 200 vagas de hospedagem e quatro quilômetros de neve adequada para a prática do esqui.

Encontrar alojamento na estação durante os fins de semanas do inverno é praticamente impossível, e é necessário reservar com semanas de antecedência. As baixas temperaturas do inverno austral garantem neve nas montanhas do Lesoto, que são invadidas a cada fim de semana por centenas de sul-africanos e turistas estrangeiros atraídos pelo exotismo de se esquiar na África nos meses de julho e agosto.

O sol africano aquece ao meio-dia na cafeteria da estação, onde se misturam famílias sul-africanas brancas, bandos de "snowboarders" e jovens negros com botas de borracha que vêem a neve pela primeira vez. Austríacos, franceses, espanhóis, italianos e até japoneses, a maioria trabalhadores expatriados na África, gostam de deslizar pelas pistas do AfriSki.

"É algo inesperado. A maioria das pessoas de outros continentes não tem nem ideia de que se pode esquiar na África, inclusive muitos sul-africanos não sabem que podem esquiar perto de seu próprio país", explica à agência Efe o eslovaco Jan Krivan, diretor da estação. O complexo atrai, a cada ano, dez mil turistas ao Lesoto, um dos países mais pobres da África, onde quase a metade da população sobrevive com menos de R$ 2,50 por dia e que vê no turismo uma nova fonte de renda.

A Corporação de Desenvolvimento Turístico do Lesoto identificou outros dois lugares, Koti-sephola, junto à passagem de Sani (leste), e Letseng-a-Letsie (sudeste) para a construção de outros dois complexos de inverno.

"Este esporte é um dos produtos mais singulares do Lesoto. A neve é um novo nicho de mercado com enorme potencial de crescimento", afirmou à agência Efe, Lineo Tlapana, diretora de relações públicas de Turismo do Lesoto.

"Toda a zona de Butha Buthe (comarca na qual fica o AfriSki) está se beneficiando. Empregamos, além disso, uma centena de trabalhadores locais, quase a totalidade dos funcionários", afirma Krivan.

A estação espera duplicar a superfície da pista de esqui para até oito quilômetros de neve, além de dobrar o número de vagas de hospedagem, como parte de um projeto que conta com o apoio da Corporação de Turismo do Lesoto. Para a maioria dos habitantes de Butha Buthe, no entanto, a neve ainda é um contratempo, pois cobre os campos que servem de alimento para o gado, o principal sustento da comarca.

Só 5% dos visitantes do Afriski vêm do Lesoto, um país onde o esqui é ainda um esporte minoritário.

"Nosso objetivo é chegar a 30% de clientes locais, em colaboração com o departamento de Turismo", garante Krivan.

A promoção do esqui é também um dos objetivos da estação, onde um dos instrutores, Alex Heath, participou três vezes nos Jogos Olímpicos pela África do Sul e treina dois esquiadores que tentam competir na próxima edição dos Jogos em 2014. No entanto, o sonho de uma equipe olímpica de esqui que possa representar o Lesoto em competições internacionais terá que esperar.

"É um projeto a muito longo prazo. Mas, Por que não? Talvez um dia vejamos esquiadores africanos de primeiro nível nos Jogos Olímpicos de inverno", afirmou Krivan.

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